Na tarde de quarta-feira (15), um pai de santo conhecido por suas lives e publicações sobre religiões de matriz africana foi preso em flagrante na Avenida Moema, no bairro Parque Índio Jari, em Viamão. Ele é acusado de agredir a esposa, de 30 anos, e a filha do casal, de apenas 3 anos. O local também servia como residência da família e espaço para atendimentos religiosos.

De acordo com o registro policial, o homem, de 37 anos, iniciou as agressões após a esposa recusar que outra mulher participasse de relações sexuais com ambos. Irritado, ele passou a atacá-la enquanto ela segurava a criança no colo, além de quebrar objetos na casa. A menina foi colocada no chão durante o ataque, mas em seguida, segundo o relato da vítima, o pai de santo teria jogado a filha sobre um violão e tentado sufocar a esposa.

As agressões foram presenciadas por um vizinho que interveio, permitindo que a mulher e a criança deixassem o local. Elas foram diretamente à delegacia, onde confirmaram os fatos. Exames comprovaram lesões nas duas vítimas.

Histórico de violência

A delegacia da Mulher de Viamão prendeu o homem em flagrante, e a delegada Marina Dilemburg o autuou pelos crimes de lesão corporal, dano e violência psicológica. Posteriormente, a Justiça decretou sua prisão preventiva. A delegada destacou a importância da denúncia imediata feita pela vítima:

— O fato dela ter ido imediatamente à delegacia foi crucial para que conseguíssemos prendê-lo em flagrante — afirmou.

Conforme apurado, o pai de santo já possuía antecedentes por violência doméstica, com registros de agressões em relacionamentos anteriores e cinco medidas protetivas solicitadas por outras mulheres.

Candidato político e influente nas redes sociais

O agressor também é conhecido por ter concorrido ao cargo de vereador em Viamão, em 2020, e de deputado estadual, em 2022. Além disso, mantinha grande visibilidade em plataformas digitais, onde promovia conteúdos sobre religiões afro-brasileiras através de lives semanais em sua página, bem como a divulgação de livros escritos por ele mesmo.

A esposa revelou em depoimento que, apesar das agressões anteriores, não o denunciava por medo de represálias, dada sua influência, e por dependência emocional e financeira. A vítima relatou ainda episódios de abuso sexual forçado ao longo da relação.

Prisão e defesa

Atualmente, o pai de santo está detido no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), aguardando transferência para o sistema prisional. Ele será defendido por um defensor público designado pelo Estado, que informou que não irá comentar o caso, que tramita sob segredo de Justiça.

A vítima e sua filha encontram-se sob medida protetiva, e a Delegacia da Mulher reforçou a importância de denúncias imediatas em casos de violência doméstica.